Agência humanitária adventista oferece capacitação para famílias atingidas por enchentes no Rio Grande do Sul
Projeto Reconstruindo com Dignidade promove oficinas profissionalizantes, apoio financeiro e acompanhamento para transformar aprendizado em fonte de renda

As marcas da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em 2024 permanecem vivas na memória e na rotina de quem perdeu tudo. Um ano depois, centenas de famílias ainda tentam se reerguer. Para transformar esse cenário, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) lançou o projeto Reconstruindo com dignidade, que oferece capacitação prática, apoio financeiro e acompanhamento para quem busca uma nova fonte de renda.
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A iniciativa começou em setembro em Porto Alegre, no bairro Humaitá, uma das regiões mais devastadas pela tragédia. Ao todo, 80 pessoas participam de cursos de curta duração em cinco áreas: artesanato em madeira, corte e costura, cabeleireiro, manicure/pedicure e barbearia. Durante as aulas, os beneficiários recebem materiais, orientação técnica e noções de empreendedorismo para transformar o aprendizado em negócio.

“Além das ferramentas de trabalho e de todo o material didático, cada participante tem acompanhamento para aprender a precificar, fazer orçamento e cuidar dos clientes. Ao final, todos recebem um voucher no valor de R$ 1.000 para investir nas ferramentas iniciais”, explica Jorge Wiebusch, diretor da ADRA no Rio Grande do Sul. Segundo ele, a expectativa é que muitos se tornem pequenos empreendedores capazes de gerar renda a partir de casa ou em espaços comunitários.
Do desafio à esperança
Na linha de frente do projeto, a coordenadora Lívia Palma destaca que o maior desafio foi a mobilização inicial. “Como é um programa inovador, que combina oficinas e vouchers, no começo muitas pessoas pensavam que era apenas um cadastro para receber benefício. Quando descobriram que teriam que participar de aulas, algumas desistiram. Mas isso também foi positivo: quem ficou são pessoas realmente interessadas em empreender”, relata.
Para ela, acompanhar de perto a evolução dos beneficiários tem sido marcante. “A maioria nunca havia empreendido. Tinham o desejo, mas não sabiam por onde começar. Agora já demonstram entusiasmo e descobrem novas possibilidades de vida”, sublinha.
Histórias de recomeço

As primeiras oficinas já revelam transformações. Emanuela Ayres Saldanha, mãe de uma criança com deficiência, viu no curso de corte e costura uma chance de conciliar trabalho e cuidado familiar.
“O projeto foi muito importante porque me deu a oportunidade de aprender algo que sempre quis. Agora posso costurar em casa e estar perto do meu filho, além de gerar renda extra. Para mim, foi maravilhoso e só tenho a agradecer à ADRA”, afirma.
Na oficina de artesanato em madeira, a venezuelana Génesis Josefina Ron Lugo também enxerga um futuro diferente. “É um momento importante porque estamos desenvolvendo uma habilidade totalmente nova. Em apenas três dias de curso, já aprendemos a manusear máquinas e ferramentas. Isso motiva e dá esperança para todos nós”, diz.

Caminho de autonomia
Além da formação prática e do aporte inicial, os participantes terão a oportunidade de expor produtos em feiras organizadas pela ADRA. Após esse período, um segundo incentivo financeiro será concedido para sustentar os pequenos negócios.
Os recursos vêm da ADRA Brasil, enquanto a regional do Rio Grande do Sul oferece espaço, estrutura e equipe. “Mais do que ensinar um ofício, queremos devolver dignidade, autoestima e independência financeira a quem perdeu tudo”, resume Wiebusch.
O Reconstruindo com Dignidade é apenas um dos esforços da ADRA no estado, mas já mostra que, mesmo depois da maior tragédia natural da história gaúcha, é possível recomeçar com apoio, solidariedade e oportunidades reais.
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