Surdo viaja 22 horas para ser batizado por pastor que pregou em Libras
Antônio da Silva mora no Pernambuco e conheceu a Igreja Adventista por meio de vídeos em Libras nas redes sociais

Foram mais de 1.400 quilômetros percorridos e 22 horas de viagem até chegar ao destino. Esse foi o trajeto enfrentado por Antônio Robstan Pereira da Silva, que, no sábado, 27 de setembro, realizou o sonho de ser batizado em uma igreja que oferecesse acessibilidade em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Morador de Araripina, em Pernambuco, encontrou em Grão Mogol, Minas Gerais, não apenas o local para sua decisão, mas também alguém que pudesse o conduzir nesse processo, em sua língua: o pastor José Erivaldo dos Santos Júnior.
Antônio conheceu o pastor por meio das redes sociais, ao assistir a um vídeo em que ele estudava a Bíblia com uma pessoa surda e a conduzia ao batismo. “Logo pedi estudo bíblico e disse que desejava ser batizado”, conta. O que mais o chamou atenção foi perceber que, além das pregações, o pastor publicava meditações e músicas traduzidas em Libras.
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Antes desse encontro, sua experiência na igreja havia sido limitada. O contato com a programação da TV Novo Tempo, que possui tradução em Libras em parte de sua grade, foi fundamental para que conhecesse a fé adventista. “Antes disso, eu fazia uso de bebida alcóolica e tinha uma vida 'bagunçada'. Aos poucos, o Espírito Santo foi me chamando”, relembra.
Igreja com acessibilidade gera inclusão e salvação
Segundo o pastor José Erivaldo, que há mais de 10 anos atua na comunidade surda, a trajetória de Silva foi marcada pela constância. “Ele tinha um desejo ardente de ser batizado e dizia que queria que eu o batizasse por conseguir me comunicar com ele”, relata. O pastor também destacou a importância da inclusão. “Jesus incluiu a todos em seu ministério. Se educarmos nossas comunidades para falar a língua dos surdos, teremos uma igreja mais acolhedora.”
Toda a programação da cerimônia batismal foi realizada em Libras, desde a recepção até a mensagem, incluindo a apresentação de um coral. “Foi emocionante ver a igreja inteira envolvida e celebrando em Libras. Ressaltei que o surdo não consegue ouvir nossas vozes, mas que, quando Jesus voltar, a primeira voz que eles escutarão será a de Cristo. Antônio chorou de emoção, e todos nós nos emocionamos com ele”, detalha o pastor José Erivaldo.

A viagem até Grão Mogol foi marcada por desafios, incluindo até o pneu furado do carro que o conduzia. Mas, para Silva, nada foi capaz de diminuir a alegria da decisão, que vai além da experiência pessoal. “Sei que minha história pode inspirar outros surdos a perceber que em Jesus há solução. Quero que a igreja tenha cada vez mais acessibilidade, para que outros possam sentir o mesmo que eu senti”, declara.
Setembro Azul
A história ganha ainda mais destaque no Setembro Azul, também conhecido como Setembro Surdo. A campanha busca conscientizar a sociedade sobre a cultura, a identidade e os direitos da comunidade surda, além de destacar a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras), da educação bilíngue e da luta por maior acessibilidade e inclusão.
A escolha do mês se deve a datas significativas, como o Dia Internacional da Língua de Sinais (23 de setembro), o Dia Nacional dos Surdos (26 de setembro), lembrado pela fundação da primeira escola de surdos do Brasil, e o Dia Internacional do Surdo e do Tradutor Intérprete (30 de setembro).
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