Comunicação com ousadia
Uma base sólida, princípios e valores reafirmados com base bíblica traz uma comunicação necessária e objetiva para o avanço da igreja.

Pela quarta vez, estou ajudando a produzir conteúdo informativo para uma assembleia da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. É um grande privilégio e uma enorme oportunidade de crescimento profissional e espiritual. Nesta edição que ocorre pela terceira vez em St. Louis (as primeiras foram em 2005 e 2022) dessa grande reunião administrativa e inspiracional adventista, algumas observações compensam ser compartilhadas publicamente. São reflexões que venho construindo e que falam, de uma forma abrangente, sobre comunicação.
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Comunicação da missão precisa ser ousada
O sermão pregado no sábado, 5 de julho, pelo presidente da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia no mundo, pastor Erton Köhler, falou muito sobre ousadia na missão. Ou seja, a respeito do ímpeto de sair e compartilhar o evangelho sem medo e sem fronteiras, utilizando métodos diferentes e com disposição para servir.

Isso me faz pensar claramente que missão e comunicação são dois conceitos indissociáveis. O Deus que criou tudo se comunicando com os seres criados é o mesmo que encarnou para salvar a humanidade. Um dos recados claros, ao ouvir testemunhos de pessoas transformadas e ver o avanço da obra adventista em muitos países, é o da urgência na missão. Todas as plataformas, métodos, sistemas e tecnologias disponíveis precisam ser utilizados para dizer que Jesus voltará em breve e como as pessoas podem se preparar para viver na eternidade. Há barreiras, mas existem muito mais oportunidades!
A mensagem ensinada pelos Adventistas do Sétimo Dia deve transcender as bolhas informacionais. É preciso que pessoas de todas as etnias, culturas e geografias saibam que há um Deus vivo e pessoal, revelado na Bíblia Sagrada, disposto a salvar e que deseja viver um relacionamento de amor e obediência.
Ousadia com identidade sólida

Comunicar o evangelho de salvação com ousadia é manter uma base sólida. A 62ª edição da Assembleia da Associação Geral proporcionou diferentes oportunidades para reafirmação de princípios bíblicos. O momento é de fortalecer a identidade de uma igreja que vai enfrentar, nos próximos anos, um macro ambiente extremamente hostil à religiosidade bíblica. E, ao mesmo tempo, favorável a uma esterilização da fé cristã com forte ênfase em movimentos e tendências humanistas. As soluções para o caos do mundo são muitas e variadas, porém a igreja precisa saber o que tem a oferecer aos habitantes do planeta.
A teologia defendida pelos adventistas precisa ser conhecida, reconhecida e vivida pelo fato de ser bíblica. Os ministérios são muitos e as vozes, dissonantes ou não, multiplicam-se nos espaços públicos; ora indagando ao microfone nas discussões sobre regulamentos e manuais da organização, ora propondo um meio de evangelizar. No entanto, os debates periféricos, baseados em interesses partidários de certos grupos e alguns pouco comprometidos com Deus, não devem enfraquecer a missão. É preciso manter o foco e fugir dos desvios que só retardam a comunicação ousada.
Comunicação com poder de Deus
Poder é uma palavra bastante apreciada no mundo corporativo e nos governos. E até em meios religisos. Geralmente está associada a controle, domínio e influência. Mas a poderosa e ousada comunicação do futuro só se torna poderosa quando é submetida a quem é realmente a fonte de poder: Deus.
Minha conclusão é que comunicação para a missão definitivamente vai muito além da produção de textos, artigos, vídeos, podcasts, posts na internet ou de qualquer plataforma ou sistema.
Comunicação missionária é feita por cada membro da igreja. Ou, se preferir dizer, por cada pessoa. Os relatórios apresentados por cada uma das 13 divisões, durante essa assembleia mundial mostram muito mais do que a diversidade e a riqueza culturais e paisagens exuberantes. São uma prova de que o poder do Espírito Santo altera circunstâncias muito diferentes fazendo com que as pessoas comuniquem, em suas vidas, o poder transformador.
Comunicação é relacionamento de pessoas com Deus e umas com as outras.
E isso exige ousadia.
Felipe Lemos é jornalista, especialista em marketing, comunicação corporativa e mestre na linha de Comunicação nas Organizações. Autor de crônicas e artigos diversos. É diretor da Assessoria de Comunicação da sede sul-americana adventista, localizada em Brasília.