As novas tecnologias, especialmente relacionadas à Inteligência Artificial, não devem nos iludir, mas servir para a pregação do evangelho.
Há alguns dias, o Google apresentou ao mundo sua ferramenta mais avançada de geração de vídeos por inteligência artificial: Veo 3. Essa plataforma é capaz de criar vídeos hiper-realistas a partir de texto, com áudio natural, sincronização labial precisa e cenários visuais quase indistinguíveis de uma gravação real. Em poucas palavras, essa e outras tecnologias não apenas geram imagens: elas imitam a realidade.
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Como adventista do sétimo dia, apaixonado por tecnologia e comunicação, não posso deixar de me entusiasmar com esses avanços. Acredito firmemente que a tecnologia — incluindo a inteligência artificial — pode e deve ser usada para pregar o evangelho com criatividade, eficiência e alcance global. Não podemos ficar para trás enquanto o mundo avança. Somos chamados a comunicar com excelência.
Mas também carrego questionamentos. E um deles não sai da minha mente: até que ponto essas tecnologias estão nos ajudando… e até que ponto podem distorcer nossa percepção da verdade?
A beleza e o dilema
Plataformas de IA capazes de gerar vídeos hiper-realistas podem ser ferramentas poderosas. Já existem animações bíblicas viralizando, nas quais Moisés fala com voz realista, em diversos idiomas, para crianças ao redor do mundo. Agora imagine criar dramatizações de parábolas com atores gerados por IA, com expressões, emoções e olhares que parecem reais. É impressionante, não é?
Mas o dilema surge quando a linha entre o que é verdadeiro e o que é falso começa a se apagar. Como saber se um testemunho, uma pregação ou até uma imagem pastoral foi feita por uma pessoa real… ou por uma IA que aprendeu a parecer humana?
Nesse ponto, não podemos ser ingênuos nem alarmistas. Precisamos de equilíbrio. Precisamos de sabedoria e ética.
Conselhos e princípios da Bíblia
A seguir, compartilho três conselhos práticos e três princípios bíblicos para navegarmos essa nova era com responsabilidade e visão missionária.
1. Transparência intencional
- Todo conteúdo gerado por inteligência artificial deve ser claramente identificado. As plataformas deveriam exigir rótulos como “gerado por IA” para que o público não seja enganado. Como igreja, devemos liderar pelo exemplo: a verdade jamais deve ser trocada pelo impacto.
2. Uso pastoral com critério
- Ferramentas de IA podem ser úteis para ilustrações, dramatizações bíblicas e materiais educativos. Mas não devem substituir o testemunho humano real. O rosto humano ainda é um canal de graça. A tecnologia não tem coração, nem alma, nem consciência.
3. Alfabetização digital
- Nossa comunidade precisa ser educada. Devemos ensinar membros, líderes e jovens a distinguir a realidade da simulação, a verificar fontes e a desenvolver pensamento crítico. Isso deve estar presente em nossos sermões, treinamentos e conteúdos digitais. Ensinar também é discipular.
Três princípios bíblicos para discernir a verdade
1. A verdade é inseparável de Cristo
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6)
A verdade não é apenas uma informação correta. A verdade é uma Pessoa: Jesus Cristo. Se o que produzimos com IA não leva as pessoas a Cristo, por mais impressionante que pareça, não cumpre seu propósito eterno. Nosso critério não pode ser apenas o que causa impacto, mas o que glorifica a Deus.
2. O discernimento é um dom do Espírito
“Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal” (Hebreus 5:14)
Em um mundo saturado de imagens, sons e narrativas manipuladas, precisamos de maturidade espiritual e discernimento bíblico. Nem toda ferramenta precisa ser usada. É o Espírito Santo quem nos guia — não o algoritmo.
3. Não troque a fé por ilusão
“Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5:7)
Vivemos em uma era sedenta de experiências visuais. Mas o cristianismo não se baseia em simulações. A fé verdadeira não depende de imagens criadas, mas da Palavra viva e do poder do Espírito. Vídeos podem emocionar, mas só o Espírito transforma. Não confunda inspiração digital com conversão espiritual.
Estamos prontos para o novo momento?
A inteligência artificial generativa não é mais o futuro — é o presente. E avança em uma velocidade que ultrapassa a capacidade de adaptação de muitas instituições, inclusive a Igreja.
A resposta não é resistir com medo, mas responder com propósito e princípios. O Veo 3, e tantas outras ferramentas de IA que ainda serão desenvolvidas, podem ser recursos missionários extraordinários se forem usados com ética, integridade e visão espiritual. Mas também podem ser ferramentas de manipulação e superficialidade se forem usadas sem critério.
Uma igreja com rosto verdadeiro
Nossa missão continua clara: “Pregar o evangelho eterno a cada nação, tribo, língua e povo” (Apocalipse 14:6). A IA pode ser uma aliada, mas jamais será protagonista. O rosto que o mundo precisa ver não é o de uma simulação perfeita, mas o de uma comunidade real, imperfeita, mas redimida por Cristo.
Minha oração é que, em meio a tantas imagens fabricadas, continuemos mostrando o rosto de Jesus, com autenticidade, verdade e esperança.
Reflexões pessoais. Texto produzido com coperação de IA.

